"O escravo não fica pra sempre na família, o filho sim, pertence a ela para sempre" (João 8:35)

Para entender o contexto, Jesus falava de conhecer a verdade e esta verdade nos libertaria, e também, sobre todo aquele que comete pecado, se tornaria escravo deste.
Apesar de simples, há algo profundo.
No dia a dia essas palavras de Jesus fazem sentido. Porém, confesso: demorei para entender.
O termo "escravo" está em contraste com o "filho".
O filho da casa, é livre. Contrário ao escravo.

A vontade do escravo é fugir. Porém, o escravo permanece, apesar de mil razões para fugir. No fundo sente raiva, medo, desconfiança. Por isso, é escravo.
A verdadeira razão, o aceitar ser filho, não aflora.
Fugir para ser livre. Ou ficar para ser filho.

O livre aqui, é ser verdadeiramente, filho. Quando permanecemos na Palavra, nos colocamos como servo, reconhecemos que há um Senhor e aceitamos a soberania de Cristo. Nos tornamos irmãos, em Cristo, co-herdeiros, portanto, "filhos". E quem aceita essa Graça, não sai de casa, jamais.

O escravo tem correntes, que o seguram. O servo é livre, mas fica por que quer.

O filho que não aceita a soberania dos pais, exerce e vive a rebeldia, e tem, por consequência, andado pelo vale da sombra e da morte. É escravo.

O filho, que se torna co-herdeiro, aceitou a Graça, e jamais sairá ou se apartará das mãos protetoras e aconchegantes de um pai amoroso.

Ser filho, portanto, é permancer na Palavra. E isso significa conhecer a verdade que liberta do ambiente em que se encontra, no qual se comete pecados. Liberta da realidade. Do coração. Do seu interior. Do "eu".

Mesmo aqueles que dizem que aceitaram Jesus, assim como os judeus, não poderiam permanecer, como os filhos permanecem. Os escravos, eternamente, são os tais que Jesus chamou de filhos da mentira, do engano, da fantasia na fuga da verdade e em busca da sua verdade. Apesar de conhecer as Escrituras.

Resumindo, como disse minha esposa, você pode tirar as pessoas do Egito, mas na maioria das vezes, não consegue tirar o Egito delas.
Há pessoas com o espírito de escravidão que nunca se firmarão na verdade. Não conseguem ficar numa casa onde se ama, se respeita, se perdoa. A casa da Graça.
Porque o desconforto que a verdade causa, assim como se olhar no espelho e não gostar do que se vê, é como quem é escravo enxergar a cada ordem do seu Senhor, o quanto ele (ainda) é escravo.
Por isso, o escravo quer fugir. Sempre.

Para ficar na casa do Pai, a pessoa tem que se sentir "filho". Caso contrário, a casa se torna insuportável. É nesse momento que um filho quer se tornar um escravo.

Sem o amor do Pai, sem a confiança de se sentir filho, ninguém consegue, principalmente, se for pela religião.
Não se sente filho se ainda é escravo.

E pelo espírito de escravidão ao pecado, jamais o filho sentirá vontade de morar na casa da Graça, da verdade e vida, e voltar a ser filho novamente.
É só pela Graça.

Então, entendi. 
O escravo não ficará para sempre. Não permanece na Palavra. Não consegue ouvir e mudar. Não haverá transformação, portanto.
O filho sim, fica eternamente. Há transformação constante.
E só o Espírito Santo transformará o escravo em filho.
Um coração de pedra num coração de carne.

NaquEle que nunca gera escravos, mas filhos, em amor.


Graça e Paz!